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A review by rltinha
Porquê Ler os Clássicos? by Italo Calvino
1.0
O Italo Calvino que se apreende deste conjunto de textos afigura-se como um agradável senhor com gosto pela leitura. Eu continuo a comprar e a ler livros sobre livros precisamente por faltar no meu quotidiano gente que seja sábia mas bondosa para com a minha ignorância, e disponível q.b. para me dispensar parte de um vasto conhecimento literário.
Mas se essa pessoa dissertar longamente sobre autores dos quais nunca ouvi falar e que nada me interessam, ou sobre as diversas traduções e edições italianas de imensas obras, passarei a estar ocupadíssima a escovar as gatas e a fotografá-las para as exibir nas redes sociais, evitando encontros com esse cultor literário. Ou seja, boa parte destes textos e alguns dos seus segmentos foram-me penosamente inúteis. O que é lamentável, já que, mantenho, o Sr. Calvino desta escrita parece-me um simpático senhor.
Mas o que me irritou e deu vontade de usar o livro para calçar móveis de assento instável foi a tradução. E não estou a falar de traduzir certa expressão como «o unicórnio vomitou, ex-líbris!» em vez de um mais fiel «o unicórnio gregou um arco-íris». Estou a referir-me ao uso de expressões que me causam raiva suficiente para organizar e fornecer uma festa da espuma, como infra melhor explanarei.
Nesta tradução as coisas «têm a ver» e não «que ver». Já me basta a penosidade de lidar com isto no discurso mediático. Se o Calvino escrevesse em português não escreveria assim, aposto.
Outra ainda mais irritante: espaço de tempo. E antes que algum francisco-espertista venha argumentar com o «ah! e tal, que a teoria da relatividade e o raio», aviso desde já que esta peregrina patetice expressiva também é usada num segmento em que se transcreve um TEXTO DO GALILEU!
E as comparações também surgem «a» e não «com» (evento expressivo que ataca gente a Sul do Mondego como carraças aos canídeos em tempos primaveris). Não estando propriamente errada, é uma expressão que proporciona falta de clareza em dose suficiente para que eu a repudie.
Mas se essa pessoa dissertar longamente sobre autores dos quais nunca ouvi falar e que nada me interessam, ou sobre as diversas traduções e edições italianas de imensas obras, passarei a estar ocupadíssima a escovar as gatas e a fotografá-las para as exibir nas redes sociais, evitando encontros com esse cultor literário. Ou seja, boa parte destes textos e alguns dos seus segmentos foram-me penosamente inúteis. O que é lamentável, já que, mantenho, o Sr. Calvino desta escrita parece-me um simpático senhor.
Mas o que me irritou e deu vontade de usar o livro para calçar móveis de assento instável foi a tradução. E não estou a falar de traduzir certa expressão como «o unicórnio vomitou, ex-líbris!» em vez de um mais fiel «o unicórnio gregou um arco-íris». Estou a referir-me ao uso de expressões que me causam raiva suficiente para organizar e fornecer uma festa da espuma, como infra melhor explanarei.
Nesta tradução as coisas «têm a ver» e não «que ver». Já me basta a penosidade de lidar com isto no discurso mediático. Se o Calvino escrevesse em português não escreveria assim, aposto.
Outra ainda mais irritante: espaço de tempo. E antes que algum francisco-espertista venha argumentar com o «ah! e tal, que a teoria da relatividade e o raio», aviso desde já que esta peregrina patetice expressiva também é usada num segmento em que se transcreve um TEXTO DO GALILEU!
E as comparações também surgem «a» e não «com» (evento expressivo que ataca gente a Sul do Mondego como carraças aos canídeos em tempos primaveris). Não estando propriamente errada, é uma expressão que proporciona falta de clareza em dose suficiente para que eu a repudie.