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Este livrinho retrata uma espécie de pessoa na nossa sociedade. Todos nós conhecemos pelo menos um exemplo: pessoas que não querem deixar os outros em paz. O discurso é breve (50 páginas) mas aborda todas as dúvidas que o leitor possa ter. Aborda a questão de como definir um filho-da-puta; de quais são as suas subcategorias e especializações; de se um filho-da-puta já nasce filho-da-puta ou se faz. O seu estilo de escrita é muito proprio: ao longo do argumento repetem-se várias frases e palavras (como "filhos-da-puta especializados em fazer e filhos-da-puta especializados em não deixar fazer"). Não percebo precisamente porquê. Talvez seja uma espécie de piada: o pedantismo do autor a espelhar o pedantismo do seu assunto. Sobretudo, nas últimas páginas (uma elegia dum fdp que tinha atingido o alvo de todos os fdps: morrer) o estilo literário torna-se ainda mais repetitivo, mas inclui uma frase que curti imenso: "São homens destes que fazem com que o amanhã seja uma ponte para ontem".
"os filhos da puta (e esse é ainda outro traço seu, o terceiro traço distintivo) conhecem-se bem uns aos outros, pelos lugares que ocupam e só podem ser ocupados por eles; deste modo é fácil associarem-se para "desenvolverem acções em diversas frentes", de modo a fazerem as coisas mencionadas e outras, muitas outras, públicas e particulares."
O lema do filho-da-puta é amar a humanidade em geral e odiar toda a gente em particular
Ao longo desta boa sátira não só consegui identificar vários filhos-da-puta que foram passando pela minha vida por relativamente breves períodos de tempo como também consegui interrogar-me a mim mesmo se não seria afinal um filho-da-puta (não um filho da puta, coitada da minha pobre mãe, mas um filho-da-puta) mas, não só odeio a humanidade em geral como também toda a gente em particular, não cumprindo então os requisitos acima mencionados.